Os veículos elétricos estão transformando a indústria automotiva em várias frentes, se firmando no Brasil e no mundo e ganhando espaço na mente dos consumidores.
Os veículos elétricos chamam a atenção do público e do mercado pelo seu potencial de reduzir impactos ambientais causados pelos carros tradicionais, além de diminuir os custos de manutenção e de abastecimento.
Players gigantes da indústria automotiva entram com investimentos pesados em inovações e tecnologias que conquistam cada vez mais os consumidores, que buscam opções de veículos modernos, sofisticados e imersivos.
A demanda por esse tipo de experiência é grande no Brasil e no mundo, porém, por aqui a onda é pequena, devido, principalmente, aos custos elevados de importação e de venda – um cenário que pode estar prestes a mudar.
Cenário promissor brasileiro
Uma nova PL que está no Senado prevê zerar a taxa de importação de veículos elétricos e híbridos para o Brasil, o que pode representar uma redução de até 20% nos valores dos carros. O projeto prevê zerar a alíquota até dezembro de 2025, entrando em vigor aos poucos no mercado brasileiro.
Esse é um reflexo das previsões para a eletrificação de veículos no Brasil. Segundo dados do estudo “O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo”, feito pela associação nacional das montadoras (Anfavea) e pelo Boston Consulting Group (BCG), a estimativa é de que, até 2030, veículos elétricos e híbridos representem entre 12% e 22% dos emplacamentos no Brasil.
A Volvo, uma das líderes no setor, se tornou a primeira marca a vender mais de 500 carros eletrificados no ano no Brasil, se solidificando como referência de qualidade e inovação. A BYD, gigante chinesa, chegou ao Brasil com um plano ambicioso de abrir 45 concessionárias até o fim do ano, reflexo do potencial do mercado brasileiro.
No primeiro trimestre deste ano, as vendas de EVs por aqui registraram alta de 115%, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, somando quase 90 mil veículos vendidos. Passos pequenos, mas cada vez mais constantes.
Eletrificação também é aliada do meio ambiente
Existe um caminho claro para reduzir as emissões de CO2 dos carros de passeio em operação. Uma análise recente do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT) afirmou que a mudança de veículos à combustão para os elétricos reduziria as emissões totais de CO2e do ciclo de vida em cerca de 65% com base no mix médio atual de energia na Europa e em 83% com eletricidade totalmente verde.
À medida que o fornecimento de eletricidade evolui e o carregamento com energia verde para uma frota maior de EVs se torna viável, os materiais e a produção se tornarão as fontes dominantes de emissões no ciclo de vida de um EV.
Hoje, a produção de um veículo elétrico gera uma intensidade de emissões quase 80% maior em comparação com um carro tradicional, devido principalmente à bateria e à maior presença de alumínio do veículo.
Mercado de peças e componentes em movimento
A transformação da indústria automotiva em direção à eletrificação irá mudar toda a cadeia de suprimentos e irá criar uma mudança significativa no tamanho do mercado de componentes automotivos.
Peças críticas para eletrificação, como baterias e acionamentos elétricos, e para condução autônoma, como sensores de detecção e alcance de luz (LiDAR) e sensores de radar, provavelmente representarão cerca de 52% do tamanho total do mercado até 2030, segundo estudo da Mckinsey.
O que esperar para o futuro?
Como dissemos, o cenário é sim promissor e otimista para o futuro dos EVs no Brasil, que ainda engatinha em direção à popularização.
Os preços elevados são de fato uma das principais causas para a aparente lentidão do desenvolvimento do mercado de carros elétricos no Brasil, porém outros fatores precisam ser analisados e levados em conta.
Um deles é a falta de capilaridade de uma infraestrutura de pontos de carregamento. Afinal, ninguém quer ficar no meio da estrada por falta de “combustível”.
Embora os carros elétricos consigam oferecer uma certa autonomia, a segurança de ter o suporte de postos de recarga é essencial, principalmente em grandes trajetos, ou para quem normalmente viaja bastante.
Em países da Europa e nos EUA, iniciativas gigantes já atuam nesse quesito.
A Shell, por meio da Ubitricity, anunciou um plano de instalar 50 mil estações de carregamento pelo Reino Unido até o fim de 2025.
Além disso, as empresas criaram um hardware especial que pode ser acoplado a postes de iluminação pública, levando mais infraestrutura de recarga para toda a população.
Com um olhar estrutural, é possível que uma base para o crescimento seja construída no Brasil, e com os incentivos financeiros corretos, é possível ser otimista quanto ao amanhã dos carros elétricos.